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quinta-feira, 2 de maio de 2019

AGRICULTORES E AGRICULTORAS SEM TERRA DO ACAMPAMENTO ESTRELA VIVE PARTICIPAM DE RODA DE CONVERSA SOBRE SEMENTES CRIOULAS





  
Nos dias 24 e 30 de abril último, agricultor@s integrantes do Acampamento Estrela Vive, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST de Feira de Santana, localizado na Fazenda Cruzeiro do Mocó, participaram de rodas de conversa onde foram discutidas iniciativas práticas para a produção e possível organização de um banco de sementes crioulas. Os encontros foram pensados conjuntamente pela Incubadora de Iniciativas de Economia Popular e Solidária da Universidade Estadual de Feira de Santana - IEPS-UEFS, pelo Projeto de Extensão “Direitos e Movimentos Sociais”, coordenado pelo Professor Emmanuel Oguri (curso de Direito da UEFS), e também contaram com a participação da Profa. Luisa Ramos Senna, do Instituto Federal da Bahia-IFBA – campus Feira de Santana. Participaram da atividade professor@s e estudantes.
          Dentre os objetivos desta atividade está o de organizar e expandir a produção de sementes crioulas entre os futuros assentados, como parte da luta contra as imposições do mercado de sementes transgênicas. A Profa. Luisa Ramos Senna, Doutora em Botânica, trouxe reflexões sobre a importância de uma produção agrícola mais saudável, também doando às famílias sementes crioulas cultivadas por ela, contando com a troca de saberes com @s agricultor@s para a futura reprodução de sementes mais saudáveis, melhor adaptadas às condições climáticas e capazes de dotar o grupo de autonomia em relação ao mercado de sementes.
          A atividade também fez parte do plano de trabalho do mestrando José Roberto Silva de Souza, integrante da IEPS-UEFS e advogado (ex-aluno da Turma Pronera de Direito da UEFS). José Roberto desenvolve junto ao Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial – PLANTERR da UEFS a pesquisa O MST e a luta por reforma agrária em Feira de Santana: uma alternativa para o Acampamento Estrela Vive que passa por uma outra Economia. Nela investiga, a partir da metodologia da pesquisa participante, como @s acampad@s se organizam jurídica e socioeconomicamente para conquistar direitos, em especial para lutar pela reforma agrária. Saliente-se que as cerca de 140 famílias de agricultor@s ocupam, desde 2009, imóvel do Estado da Bahia, antes vinculado à extinta Empresa Baiana de Desenvolvimento Rural – EBDA.
          Durante as rodas de conversa, @s agricultor@s relataram suas dificuldades – como a de fazer a agricultura conviver com o semi-árido, a falta de acesso à água, educação, transporte e o descaso dos governos estaduais com a solução do impasse político-jurídico. Por outro lado, destacaram também a força e o gosto da luta coletiva, e demonstram uma aguda clareza quanto às injustiças de um sistema econômico produtor de desigualdades e quanto à legitimidade e importância da luta pela reforma agrária. Vozes altivas e cheias de expectativa falaram do gosto pela vida saudável na roça, da vontade de trocar saberes com a Universidade e do anseio pela colaboração com a luta do grupo, tanto na sensibilização política do governo do Estado no que diz respeito ao assentamento das famílias, quanto na combinação dos conhecimentos científicos para reproduzir dignamente a vida, produzindo alimentos com respeito à natureza.
Para @s professor@s e estudantes envolvid@s o desejo é dar visibilidade tanto à força da luta d@s acampad@s quanto aos sérios problemas que vivenciam. Espera-se atrair mais integrantes da comunidade universitária para o desenvolvimento conjunto de projetos de pesquisa e extensão que possam, como disse a Profa. Luisa Senna durante a roda de conversa, “diminuir a distância entre nós e vocês, porque, afinal, a gente acredita numa coisa só”. Para que, assim, possamos falar em um verdadeiro “nós”, que quer “resgatar o ponto perdido do conhecimento”, aquele em que a linguagem da ciência esqueceu a sabedoria da classe trabalhadora e da natureza, tornando-se incapaz de contribuir para a construção de um mundo efetivamente mais justo, mais igual, melhor para se viver.

          Equipe de professor@s e estudantes em frente à Fazenda Cruzeiro do Mocó
                              A Roda de Conversa acontece: Professora Luisa fala sobre as sementes
                                            Milho crescendo no Acampamento Estrela Vive
  
Fonte das fotografias: equipe da IEPS-UEFS
         

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