- o grupo Sabores do Quilombo,
que atua na cantina do módulo I do campus da UEFS, foi selecionado e participa,
desde 2016, do Projeto Cantinas Solidárias III, onde, por meio de atividades
formativas realizadas pela IEPS-UEFS e da própria experiência organizativa e
produtiva, o grupo desenvolve processo pedagógico-político de organização do
trabalho coletivo autogestionário (“incubação”), ao tempo em que produz e
comercializa alimentos na cantina, (espaço que assume, assim, o caráter de
espaço pedagógico da Incubadora); cumpre lembrar que o mesmo processo é
vivenciado, simultaneamente, pelo grupo Delícias da Formiga (Projeto Cantinas
Solidárias IV), ora em curso na cantina do módulo VII do campus), assim como já
contou com duas edições anteriores;
- o processo de incubação tem a
duração de dois anos, prorrogável por igual período: a proposta é fortalecer o
trabalho coletivo popular autogestionário e promover o desenvolvimento local,
proporcionando a diferentes grupos e comunidades a experiência formativa e de
trabalho e um espaço produtivo sem custos – visto que, em condições reais,
grupos populares teriam muita dificuldade de sobreviver à lógica do mercado;
- o projeto Cantinas Solidárias
III, do qual participa o Grupo Sabores do Quilombo, teve início em 2016, e seu
final foi prorrogado por diversas vezes, em razão de greves e, sobretudo, da
pandemia da Covid-19; o processo seletivo do Projeto Cantinas Solidárias V já
teve início, estando em curso a seleção de um novo grupo que ocupará a cantina
do módulo I a partir de agosto de 2024 (ver aqui);
- a saída do grupo Sabores do Quilombo da cantina do módulo I não significa o fim da sua relação com a IEPS-UEFS: está em curso o processo de “desincubação” do grupo, o que importa em atividades e ações que visam à continuidade de suas atividades em outro espaço; as dificuldades são muitas, no entanto, pois a lógica do capital é excludente e se entrelaça, como sabemos, com o racismo, o machismo, o menosprezo ao espaço rural entre tantos outros problemas; de todo modo, as lutas da chamada economia popular fazem parte de uma história de resistência, que nos faz seguir em frente;
- as recentes manifestações de
apoio às trabalhadoras do Sabores do Quilombo, assim como as suas próprias
lutas em torno da continuidade de seu trabalho, são motivo de alegria para a
equipe da IEPS-UEFS e nos mostram que o processo político-pedagógico de
incubação acertou nos caminhos percorridos: o grupo desenvolve um ótimo
trabalho, criaram-se laços de afeto e respeito e, em especial, se organiza para
lutar e defender seus ideais; vale citar, ainda, os vínculos firmados com a
Comunidade Quilombola da Lagoa Grande e suas lutas e as atividades pedagógicas
- ensino, pesquisa e extensão - que têm sido desenvolvidas ao longo dos anos,
por diferentes cursos de graduação e pós-graduação, com a participação das
trabalhadoras, com muito aprendizado para tod@s envolvid@s.
- a permanência do grupo na
cantina do módulo I não é possível, já que ela representaria o fim de um
projeto que se mostra exitoso e abre muitas perspectivas, já estando em curso,
como dito, o processo seletivo para o Projeto Cantinas Solidária V (quatro
grupos tiveram suas inscrições homologadas e a fase de visitas técnicas já se
inicia neste mês de maio - ver aqui);
- a IEPS-UEFS tem se desdobrado
nos últimos meses na busca de alternativas para o grupo Sabores do Quilombo, na
tentativa de construir caminhos para a sua permanência como coletivo e na
produção de alimentos; estamos em busca de oportunidades de editais de fomento,
ideias, apoio de qualquer forma, de mãos dadas com as trabalhadoras, que também
permanecerão contando com a assessoria da IEPS-UEFS a despeito do fim do Projeto
Cantinas Solidárias IV; neste sentido, toda ajuda ou ideia é bem vinda!
- esclarecemos, por fim, que, no
dia 25.04, foi realizada reunião convocada pela Reitoria da UEFS, com a
presença de integrantes da IEPS e representante do grupo Sabores do Quilombo,
tendo como pauta a busca de soluções para o grupo; à vista da ausência de
espaços vagos para a instalação de nova cantina, neste momento, encaminhou-se a construção
de uma política institucional que priorize, nos futuros processos licitatórios,
a contratação para os espaços de alimentação do campus de grupos oriundos da
economia popular e solidária, nos termos da Lei Estadual 12.368/2011.
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