domingo, 8 de março de 2015

Na contramão do consumismo: Edu Krieger e a crítica ao "movimento da ostentação"

Edu Krieger é compositor e intérprete da música Resposta ao funk ostentação, com mais de 900.000 visualizações no youtube. 

A letra critica o incentivo da ostentação entre os jovens das periferias, que são levados a consumir mais na tentativa de serem "aceitos" pela sociedade capitalista e racista que muitas vezes não os enxergam como parte dela.

Créditos: Reprodução
       
Em resposta aos comentários negativos por parte de alguns cantores de funk, o cantor declara:

Ascensão social não tem nada a ver com ostentação. É justo que todas as pessoas tenham direito ao consumo. A ascensão através do consumo é absolutamente louvável. Mas é preciso mostrar que a ostentação não tem nada a ver com isso. E que essas coisas não precisam andar juntas — pontua. — Entendo também que a ostentação é uma consequência de um complexo de inferioridade. Pobres e negros são discriminados por um capitalismo racista. Mas eu acho que a educação é fundamental para que jovens da periferia entendam que humilhar os semelhantes que não conseguem atingir o mesmo patamar é reprovável.
Veja abaixo o vídeo  e a letra da música:





Você ostenta o que não tem
Pra tentar parecer mais feliz
Mas não sabe que pra ser alguém
Tem que agir ao contrário do que você diz
Você pensa que tem liberdade
Exibindo riqueza e poder
Mas não vê que na realidade
O sistema é que lucra usando você

E o sistema tem a cor
Do racismo e da escravidão
Cada vez que você dá valor
À roupinha de marca e à ostentação
A elite burguesa e branca
Que é dona das lojas de grife
Se dá bem, pois você bota banca
Mas é o sistema que aumenta o cacife

Clipe norte-americano
De artista que faz hip hop
Você quer imitar por engano
Pensando que assim vai ganhar mais ibope
É a regra do capitalismo
Eles querem que a gente consuma
Pra vivermos à beira do abismo
A gente pra eles é p*rra nenhuma

Você pensa que é modelo
Pras crianças da comunidade
Sinto muito, mas devo dizê-lo
Que o que você faz é uma puta maldade
Se o moleque não tem condição
De entrar nesse mundo grã-fino
Isso pode virar frustração
E você vai f*der com o pobre menino

Que pra ter um tênis foda
Pode até assaltar um playboy
Pois se fica excluído da moda
Recebe desprezo e isso lhe dói
E as mulheres que dão atenção
Que te cobrem de beijo e afeto
Valem menos do que seu cordão
Pois você trata elas pior que objeto

Quem batalha pra viver
E botar a comida na mesa
De repente te vê na Tv
Dirigindo carrão e exibindo riqueza
Ostentando pra ter atenção
E achando que isso é maneiro
Sem saber que essa ostentação
Faz o branco do banco ganhar mais dinheiro

Negro tem que ter poder
Negro tem que ser protagonista
Tem que estar no jornal, na Tv
No outdoor e na capa de toda revista
Mas não tem a menor coerência
Ostentar um anel de brilhante
Isso só vai gerar violência
Inveja e recalque no seu semelhante

Que legal sua conquista
Sua história de vida também
Mas seu papo é tão consumista
Que faz de você um artista refém
Dessa pose fajuta e falida
Que só finge aumentar autoestima
Infeliz de quem sobe na vida
E não sabe o que faz quando chega lá em cima

E você,  que achou da música, concorda com a crítica ou acha que o funk ostentação não tem influência nos hábitos consumistas das pessoas, especialmente jovens da periferia, conforme sugere a letra da música?


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