Foi institucionalizado no último dia 22 de outubro,
pela Portaria UEFS 589/2019, o Grupo de Trabalho Conflitos Socioambientais, constituído
por professores(as),
técnicos(as), estudantes e voluntários(as), de diferentes áreas do conhecimento
e instituições de ensino superior (UEFS, IFBA, UFRB, UNEB, UNILAB) e contando com a parceira de
outras organizações da sociedade civil, como o Sindicato dos Trabalhadores e
Trabalhadoras da Agricultura Familiar de Feira de Santana. O GT originou-se de
demandas de comunidades quilombolas de Feira de Santana e região, assumindo
como objetivo contribuir, com a produção de conhecimento científico, nas lutas
contra ações que “que impliquem em pressões fundiárias, danos ao meio ambiente
e à saúde física e psíquica de comunidades tradicionais, trabalhadores e
trabalhadoras rurais e seus modos de fazer, criar e viver”.
O GT tem como um dos seus primeiros
desafios apoiar as lutas das populações atingidas pela “LT
500 kv Porto Sergipe-Olindina-Sapeaçu”, linha de transmissão de energia
elétrica em alta tensão projetada para transportar eletricidade produzida no
Nordeste para outras regiões do país, cortando, neste trecho, Feira de Santana
e outros municípios baianos e sergipanos (veja lista completa na imagem abaixo).
* Fonte da imagem: Relatório Ambiental Simplificado produzido por São Francisco Transmissão de Energia S.A./Sterlite Power Grid Ventures Limited e Dossel Ambiental, empresas responsáveis pelo empreendimento e pelos estudos ambientais para o licenciamento , respectivamente.
Nos 55
metros em torno da linha e de suas torres, em razão do forte campo magnético
que geram, serão proibidas construções e uma série de atividades humanas e
produtivas. São previstos derrubada de moradias e de vegetação, mal
funcionamento de equipamentos eletrodomésticos, barulho, riscos de acidentes
elétricos. Pesquisas científicas vêm indiciando graves riscos para a saúde
humana, como o aumento dos casos de leucemia nas populações expostas a esse
campo magnético (saiba mais clicando 🔻aqui ou͑ 🔻aqui). Já é certo que a linha impacta diversas
comunidades quilombolas (Subaé, Cavaco, Gavião, Paus Altos, Vila Nova, Curral
de Fora, Mussuca e, muito provavelmente, Lagoa Grande, Matinha e Candeal)
ameaçando os seus modos de vida. A linha
corta também a Área de Proteção Ambiental Lago Pedra do Cavalo, afetando não só
o meio ambiente natural, mas o patrimônio paisagístico e cultural que se traduz
em lazer, beleza e turismo.
* Fonte das imagens: Relatório Ambiental Simplificado produzido por São
Francisco Transmissão de Energia S.A./Sterlite Power Grid Ventures
Limited e Dossel Ambiental, empresas responsáveis pelo empreendimento e
pelos estudos ambientais para o licenciamento , respectivamente.
Apesar
das prefeituras dos municípios atingidos terem sido cientificadas sobre o
projeto desde meados de 2018, nenhuma medida para informação, levantamento de
prejuízos e proteção dos direitos das populações direta e indiretamente
atingidas foi tomada até o momento. São especialmente graves as perspectivas
para pequenos agricultores(as), proprietários(as) e posseiros(as), em razão da
extensão dos efeitos do campo magnético e da instituição de mera servidão sobre
os bens, que afasta, de início, a desapropriação e coloca os(as) prejudicados(as)
em desvantagem na luta por justas indenizações. Muitas perdas, no entanto, que
passam por apagar lembranças, paisagens e jeitos de viver, não têm como ser compensadas
em forma de dinheiro.
O
licenciamento ambiental da obra foi requerido pelo empreendimento ao escritório
do IBAMA na Bahia (documentos do processo estão acessíveis 🔻aqui). No entanto, foi admitido seu processamento pelo regime simplificado – inadequado, como
demonstram os estudos que o GT já vem desenvolvendo, para verificar e prevenir,
com detalhamento necessário, os graves impactos da obra sobre os seres humanos,
fauna, flora, água por ela atingidos.
As
instituições de ensino que integram este GT, o Sindicato dos Trabalhadores e
Trabalhadoras da Agricultura Familiar de Feira de Santana, além de diversas
Associações Comunitárias de municípios atingidos, em vista da gravidade dos
fatos, vêm realizando desde o mês de agosto deste ano atividades para
levantamento de informações, estudos, divulgação e mobilização sociopolítica,
do que resultou a publicação de uma Carta Aberta (clique 🔻aqui para ler).
* Fonte
da primeira imagem (torres): http://www.prefeituradeatibaia.com.br/noticia/ibama-realiza-audiencias-publicas-para-tratar-sobre-a-linha-de-transmissao-500kv-fernao-dias-terminal-rio/
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