Nos
dias 24 e 30 de abril último, agricultor@s integrantes do Acampamento Estrela Vive, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra – MST de Feira de Santana, localizado na Fazenda Cruzeiro do Mocó, participaram
de rodas de conversa onde foram discutidas iniciativas práticas para a produção
e possível organização de um banco de sementes crioulas. Os encontros foram
pensados conjuntamente pela Incubadora de Iniciativas de Economia Popular e
Solidária da Universidade Estadual de Feira de Santana - IEPS-UEFS, pelo
Projeto de Extensão “Direitos e Movimentos Sociais”, coordenado pelo Professor Emmanuel
Oguri (curso de Direito da UEFS), e também contaram com a participação da
Profa. Luisa Ramos Senna, do Instituto Federal da Bahia-IFBA – campus Feira de
Santana. Participaram da atividade professor@s e estudantes.
Dentre os objetivos desta atividade
está o de organizar e expandir a produção de sementes crioulas entre os futuros
assentados, como parte da luta contra as imposições do mercado de sementes
transgênicas. A Profa. Luisa Ramos Senna, Doutora em Botânica, trouxe reflexões
sobre a importância de uma produção agrícola mais saudável, também doando às
famílias sementes crioulas cultivadas por ela, contando com a troca de saberes
com @s agricultor@s para a futura reprodução de sementes mais saudáveis, melhor
adaptadas às condições climáticas e capazes de dotar o grupo de autonomia em
relação ao mercado de sementes.
A atividade também fez parte do plano
de trabalho do mestrando José Roberto Silva de Souza, integrante da IEPS-UEFS e
advogado (ex-aluno da Turma Pronera de Direito da UEFS). José Roberto desenvolve
junto ao Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial – PLANTERR da
UEFS a pesquisa O MST e a luta por
reforma agrária em Feira de Santana: uma alternativa para o Acampamento Estrela
Vive que passa por uma outra Economia. Nela investiga, a partir da
metodologia da pesquisa participante, como @s acampad@s se organizam jurídica e
socioeconomicamente para conquistar direitos, em especial para lutar pela reforma
agrária. Saliente-se que as cerca de 140 famílias de agricultor@s ocupam, desde
2009, imóvel do Estado da Bahia, antes vinculado à extinta Empresa Baiana de
Desenvolvimento Rural – EBDA.
Durante as rodas de
conversa, @s agricultor@s relataram suas dificuldades – como a de fazer a agricultura conviver
com o semi-árido, a falta de acesso à água, educação, transporte e o descaso
dos governos estaduais com a solução do impasse político-jurídico. Por outro
lado, destacaram também a força e o gosto da luta coletiva, e demonstram uma aguda
clareza quanto às injustiças de um sistema econômico produtor de desigualdades
e quanto à legitimidade e importância da luta pela reforma agrária. Vozes altivas e
cheias de expectativa falaram do gosto pela vida saudável na roça, da vontade
de trocar saberes com a Universidade e do anseio pela colaboração com a luta do
grupo, tanto na sensibilização política do governo do Estado no que diz
respeito ao assentamento das famílias, quanto na combinação dos conhecimentos
científicos para reproduzir dignamente a vida, produzindo alimentos com
respeito à natureza.
Para
@s professor@s e estudantes envolvid@s o desejo é dar visibilidade tanto à
força da luta d@s acampad@s quanto aos sérios problemas que vivenciam.
Espera-se atrair mais integrantes da comunidade universitária para o
desenvolvimento conjunto de projetos de pesquisa e extensão que possam, como
disse a Profa. Luisa Senna durante a roda de conversa, “diminuir a distância entre
nós e vocês, porque, afinal, a gente acredita numa coisa só”. Para que, assim,
possamos falar em um verdadeiro “nós”, que quer “resgatar o ponto perdido do
conhecimento”, aquele em que a linguagem da ciência esqueceu a sabedoria da
classe trabalhadora e da natureza, tornando-se incapaz de contribuir para a
construção de um mundo efetivamente mais justo, mais igual, melhor para se
viver.
Equipe de professor@s e estudantes em frente à Fazenda Cruzeiro do Mocó
A Roda de Conversa acontece: Professora Luisa fala sobre as sementes
Fonte das fotografias: equipe da IEPS-UEFS
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