quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A FEIRA DE SABERES E SABORES EM NOVO LOCAL: APAREÇA!


 A Feira Permanente de Economia Popular e Solidária e Agricultura Familiar -  Saberes e Sabores é um projeto de extensão da Incubadora de Iniciativas da Economia Popular e Solidária da UEFS que teve início em outubro de 2017.
A ação, no entanto, vem sendo gestada há muitos anos pela IEPS. Registram-se esforços neste sentido desde 2010, quando se chegou a projetar a feira envolvendo as comunidades participantes do Curso de Iniciação ao Cooperativismo então realizado com a participação da Incubadora. Somente a partir de 2014, no entanto, a ideia foi tomando corpo e virando realidade, com a articulação entre @s trabalhador@s envolvidos com os diversos projetos em andamento na IEPS, suas comunidades de origem, outras iniciativas populares e a comunidade universitária e com a realização de feiras pontuais (como as ocorridas nas duas edições do Congresso Internacional de Economia Popular e Solidária da UEFS, em 2016 e 2018, a Feira de Culturas e Produção Camponesa em 2015, as últimas edições da Feira do Semiárido e as pequenas “FIPIEPS” – Feiras de Iniciativas Populares Solidárias da IEPS, realizadas, ainda de forma descontínua, a partir de 2016 nos espaços das Cantinas I e VII).
A feira é um espaço símbolo do jeito sertanejo de vivenciar o trabalho, as relações e a cultura. Como toda manifestação popular, é muitas vezes alvo de preconceito e desprezo: lugar de “bagunça”, de “sujeira”, de “atraso”. No preconceito misturam-se racismo, elitismo, subordinação colonial à ideia de que “moderno” e “civilizado” tem que se branco, urbano e asséptico. Assim, trazer a feira para a UEFS sempre teve como objetivo, sobretudo, construir um espaço de convivência e intercâmbio entre a ciência (que também se arvora a ser branca, urbana e asséptica...) e os saberes e valores da vida que acontece fora dos muros da universidade, favorecendo um diálogo horizontal e rico entre dimensões que insistem em se manter separadas. As feiras representam trabalho, cultura, modos alternativos de sentir a vida e seus valores e, sobretudo, as lutas travadas pela sobrevivência na desigualdade.
Pela primeira vez a Feira de Saberes e Sabores vai se realizar no espaço em que ela foi pensada desde o início: o canteiro central, o “meio do caminho” da UEFS, pois é no meio do caminho onde todas as feiras de verdade nascem e fazem história. Basta pensar na Feira de Santana, no meio do caminho entre o sertão e o litoral para onde seguiam as boiadas...
A nova localização da Feira de Saberes e Sabores é, em si, uma história de luta e de organização popular. A Feira já passou pelo estacionamento dos bancos e pelo hangar, ao sabor do arrocho orçamentário que vem sofrendo a Universidade – o aluguel dos toldos era sempre incerto, e acabou sendo impossível.
Mas, de acordo com a filosofia de trabalho da IEPS, a Feira de Saberes e Sabores tem sido uma experiência de organização autogestionária. As iniciativas participantes reúnem-se em assembleias periódicas e vêm construindo pontes para superar as adversidades: criaram critérios de participação, regras para a permanência, um fundo coletivo. Todas as decisões são tomadas de forma coletiva e democrática. Os paralelepípedos para a delimitação do novo espaço, assim como os novos toldos foram adquiridos com o fundo coletivo e com reservas vindas da venda do livro produzido pela IEPS, das feijoadas preparadas e vendidas por estudantes integrantes da IEPS e pel@s expositor@s nas feiras anteriores e do fundo de reserva do Banco Comunitário Sertanejo (que funcionou durante a XI Feira do Semiárido para a circulação da moeda social de mesmo nome). A UEFS, em apoio ao Projeto, contribuiu com a brita e com o serviço necessário à sua colocação no local e à instalação elétrica, aproveitando contratos já vigentes.
A Feira de Saberes e Sabores é espaço de trabalho, de cultura, de diversão. Nela realiza-se extensão e pesquisa, que se entrelaçam com os diversos saberes que trazem @s estudantes e professores que por ela passam. Ela é também um espaço de encontro entre ciência e saber popular, onde a gente deseja fermentar relações, amizades, sensibilidades e lutas que integrem a universidade ao seu entorno, tornando-a capaz de fazer as perguntas e dar as respostas que a sociedade realmente precisa para ser mais acolhedora e humana.

Equipe da Incubadora de Iniciativas da Economia Popular e Solidária da UEFS


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